Ex-pecuarista ganha a vida vendendo miniaturas de bois

A perfeição do trabalho faz com que o artesão fature mais de R$ 500 em uma única peça personalizada

Fonte: Divulgação

O cotidiano do campo sempre foi uma lembrança muito boa para o escultor Carmelito Pereira dos Santos. Aos 50 anos de idade, ele se diz orgulhoso de ter reunido em seu trabalho as paixões pelos animais da fazenda e pela a arte, uma forma de homenagear o pai que lhe apresentou, ainda na década de 1980, as belezas dos dois mundos.

Carmelito se tornou um nome conhecido em Goiás na criação de miniaturas bovinas, e já vende sua arte para várias regiões do Brasil e até para alguns países do exterior. Com mais de seis mil peças já produzidas, o valor de cada miniatura pode chegar a R$ 550.

O início

A história de Carmelito começou no oeste da Bahia, na cidade de Brejolândia, onde ajudava o pai na lida da pecuária. “Eu sempre gostei dos animais da fazenda e me lembro de fazer brinquedos com argila para poder brincar. Tudo muito simples e sem qualquer tipo de técnica”, falou ao Canal Rural.

De acordo com o escultor, além da pecuária, a ligação com a arte também foi passada de pai para filho. Na verdade, tudo começou com um tio-avô, que ensinou o seu pai a fazer desenhos e não demorou muito para o pequeno Carmelito começar a fazer os seus primeiros rabiscos.

“O meu pai desenhava em folhas de caderno e me ensinou. Naquela época, no interior da Bahia, a arte não era muito valorizada e nem tínhamos material para desenvolver tecnicamente, mas, mesmo assim, a gente fazia os nossos desenhos”, falou.

Em 1988, o ainda pecuarista Carmelito fez o seu primeiro curso de pintura. Por correspondência, ele aprendeu o básico das técnicas de luz e sombra, o que proporcionou a pintura de seu primeiro quadro. Decidido a se dedicar à arte, ele se mudou para Aparecida de Goiânia em 1994, deixando a pecuária de lado e focando no trabalho artístico.

Da pintura para a escultura

Em 1998, Carmelito disse que uma crise prejudicou a venda de quadros e ele teve que procurar emprego em outra área. Por um período, ele passou a ser letrista e a trabalhar com publicidade na cidade goiana.

Na mesma época, ele começou a testar as técnicas de escultura e, assim como no tempo de criança, resolveu retratar os animais da fazenda em peças feitas de argila.

“Fui desenvolvendo essa arte por conta própria. Procurava algumas pessoas ligadas à área da queima de argila para aprender um pouco mais da técnica, que é delicada e um pouco complexa”, falou.

Em sua segunda tentativa na queima da argila, Carmelito revela que teve uma epifania, que o levou direto para a sua infância e o sonho que ele havia tido ainda na Bahia e que ficara por muito tempo apagado em sua memória. “Quando eu tirei aqueles animais da queima, me lembrei imediatamente de um sonho que eu tive ainda quando era criança. Nele, eu vi umas vacas em esculturas, todas enfileiradas. A aparência era idêntica à da queima da argila, com um pouco de poeira sobre elas. Eu havia esquecido deste sonho por muitos anos e ele veio à tona quando fiz essas esculturas”, relembra.

A partir dos anos 2000, o ex-pecuarista passou a sobreviver apenas com o trabalho como artesão. Vivendo altos e baixos, foi uma reportagem da qual ele foi tema na revista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) que acabou lhe proporcionando uma visibilidade que deu uma guinada em sua carreira.

“Eu saí na capa desta revista e isso proporcionou uma melhora nas vendas. Participei da primeira feira do empreendedor e logo em seguida veio a consolidação da internet no Brasil, que alavancaram de vez o alcance da minha arte”, falou.

Miniaturas

Hoje, Carmelito realiza entregas em todos os estados do Brasil e diz que já tem encomendas prontas para serem enviadas para o México. Antes disso, ele já enviou esculturas para Colômbia, Austrália e Inglaterra.

A especialidade dele é com raças bovinas, sejam elas leiteiras ou de corte. Segundo o artista, os preços das miniaturas, que possuem, em média, 15 centímetros de altura, variam de R$ 290 a R$ 550. “Existem dois tipos de encomendas: as personalizadas e as não personalizadas. Na primeira, o cliente manda uma foto do animal que ele tem e eu faço uma cópia personalizada e, neste caso, o valor pode variar de R$ 450 a vaca e R$ 550 o boi, que é maior e tem mais detalhes, como a musculatura, por exemplo. Já na versão que não é personalizada, a vaca custa em média R$ 290 e o boi R$ 400.”

Produção

As miniaturas feitas por Carmelito passam por várias etapas de produção. A primeira delas, que é a de criação em cima da argila, leva cerca de 24 horas e, em seguida, o artista espera um número mínimo de peças para iniciar o processo da queima. “Precisamos fazer uma quantidade maior para compensar o fogo na queima. Geralmente, usamos 30 peças  e são cerca de três dias nesse processo”, falou.

Após a queima, vem a terceira etapa, chamada pelo artista de “restauração”. “Nesta parte a gente faz os ajustes, como a inserção dos rabos, que são feitos com arames e massa epóxi. Na sequência vem o trabalho com massa acrílica , pintura e o acabamento com as borrachas que colocamos nas patas, para não arranhar os móveis dos clientes.”

De acordo com o artista plástico, atualmente a sua produção é de cerca de 10 animais por mês.

Confira alguns dos trabalhos feitos por ele:

Serviço:

As miniaturas de Carmelito podem ser encomendadas pelo e-mail [email protected] e podem ser conferidas pela página oficial do artista no Facebook e no Youtube