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EUA e México iniciam conversa sobre tarifas; milho do Brasil pode se beneficiar

Encontro é uma tentativa de reverter a ameaça de impor taxas a produtos mexicanos se o país não se esforçar para conter o fluxo de imigrantes ilegais

Donald Trump, EUA, Estados Unidos
Foto: Shealah Craighead/ The White House

Funcionários de alto escalão dos governos dos Estados Unidos e do México vão iniciar conversas nesta segunda-feira, dia 3. O encontro é uma tentativa de reverter a ameaça do presidente Donald Trump de impor tarifas a produtos mexicanos se o país não se esforçar para conter o fluxo de imigrantes ilegais que atravessam a fronteira.

Em uma publicação feita no Twitter no domingo, 2, Trump mencionou que uma grande delegação mexicana seria enviada a Washington para iniciar negociações, mas queixou-se de que ambos os lados já vêm conversando há 25 anos. “Queremos ação, não conversa”, disse o presidente na ocasião.

Trump, que começou nesta segunda uma visita oficial de três dias ao Reino Unido, não vai participar das negociações. A ministra de Economia mexicana, Graciela Márquez, deverá se reunir com o Secretário de Comércio americano, Wilbur Ross. Na quarta-feira, 5, delegações lideradas pelo Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e pelo ministro de Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, terão reunião em Washington.

Na última quinta-feira, dia 30, Trump ameaçou impor tarifas iniciais de 5% a importações vindas do México, a partir do dia 10. A ideia é elevar as tarifas gradualmente até o patamar de 25%, em outubro, se o governo mexicano não resolver a questão da imigração ilegal.Trump alega que o México tira vantagem dos EUA há décadas, mas que esse “abuso” irá acabar quando ele passar a tarifar produtos do país.

Parlamentares do Partido Republicano de Trump alertam que a iniciativa do presidente pode atrapalhar esforços de atualizar o acordo comercial entra EUA, México e Canadá. Para o senador John Kennedy (Louisiana), por exemplo, a tarifa contra o México é um “erro” e é improvável que o presidente a adote.

Milho do Brasil

Para o analista da consultoria INTL FCStone, Étore Baroni, a medida pode causar impactos no cenário agrícola, principalmente no mercado do milho. “O México é o principal comprador de milho dos Estados Unidos, e isso tem um impacto direto sobre o produtor americano. Isso também pode fazer com que o México reduza a importação de milho e que naturalmente pode afetar as cotações em Chicago, além de buscar outras origens do grão. Neste caso o produtor Brasileiro pode se beneficiar um pouco mais”, afirma o analista.

“O cenário é positivo para o produtor brasileiro, já que os americanos não estão conseguindo plantar por conta do clima e com a janela de plantio se encerrando em todos os estados. Chicago segue firme, e os prêmios nos portos do Brasil podem ser favorecidos, além disso o dólar tem previsão para se manter em R$ 3,90”, finaliza.