Empresas e entidades se posicionam sobre a Operação 'Carne Fraca'

Ministro da Agricultura, CNA e JBS divulgam comunicados sobre a operação deflagrada pela Polícia Federal 

Fonte: Agência Brasil

Pouco tempo após a notícia de que a Polícia Federal deflagrou a Operação “Carne Fraca”, que investiga uma organização criminosa liderada por fiscais agropecuários federais, diversas empresas e entidades divulgaram notas sobre o caso. 

Veja, na íntegra, as notas: 

Anffa Sindical

O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) apoia a operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, nesta sexta-feira, 17, e reforça que a denúncia partiu do próprio Sindicato.

O Anffa Sindical entende que a operação está alinhada aos objetivos de auditores fiscais federais agropecuários no sentido de aprimorar a inspeção de produtos de origem animal no Brasil. A entidade acrescenta que as denúncias constam de processo administrativo que tramita no Mapa desde 2010.

O Anffa Sindical afirma ainda que vai continuar trabalhando para que cargos de chefia sejam ocupados por servidores públicos selecionados por meio de processos meritocráticos. Ou seja, por competência técnica, contribuindo para o fim de influências políticas.

Ministério da Justiça
 
Se havia alguma dúvida de que o Ministro Osmar Serraglio, ao assumir o cargo, interferiria de alguma forma na autonomia do trabalho da Polícia Federal, esse é um exemplo cabal que fala por si só. O Ministro soube hoje, como um cidadão igual a todos, que teve seu nome citado em uma investigação. A conclusão tanto pelo Ministério Público Federal quanto pelo Juiz Federal é a de que não há qualquer indício de ilegalidade nessa 

JBS

Em relação a operação realizada pela Polícia Federal na manhã de hoje, a JBS esclarece que não há nenhuma medida judicial contra os seus executivos.  A empresa informa ainda que sua sede não foi alvo dessa operação.
 
A ação deflagrada hoje em diversas empresas localizadas em várias regiões do país, ocorreu também em três unidades produtivas da Companhia, sendo duas delas no Paraná e uma em Goiás. Na unidade da Lapa (PR) houve uma medida judicial expedida contra um médico veterinário, funcionário da Companhia, cedido ao Ministério da Agricultura.  
 
A JBS e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas.
 
A JBS no Brasil e no mundo adota rigorosos padrões de qualidade, com sistemas, processos e controles que garantem a segurança alimentar e a qualidade de seus produtos. A companhia destaca ainda que possui diversas certificações emitidas por reconhecidas entidades em todo o mundo que comprovam as boas práticas adotadas na fabricação de seus produtos.  
 
A Companhia repudia veementemente qualquer adoção de práticas relacionadas à adulteração de produtos – seja na produção e/ou  comercialização –  e se mantém à disposição das autoridades com o melhor interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos. 

BRF

A BRF informa que, em relação à operação da Polícia Federal realizada na manhã desta sexta-feira, está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos. A companhia reitera que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas. A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua.

CNA

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA considera lamentável a denúncia de que alguns dos principais frigoríficos do país, com o apoio de uma rede de fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura, estariam envolvidos num esquema de venda ilegal de carnes ao consumidor. As investigações fazem parte da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira, 17 de março.

Como representante dos produtores rurais, a CNA defende que os fatos envolvendo frigoríficos e fiscais agropecuários sejam apurados com rigor. E que, uma vez comprovados, possam levar à punição exemplar dos envolvidos.

Os produtores rurais têm dado uma grande contribuição ao desenvolvimento nacional. Geram emprego, renda e alimentos de qualidade para a população.  Portanto, não é justo que tenham a sua imagem maculada pela ação irresponsável e criminosa de alguns.

Blairo Maggi 

Bom dia, diante dos fatos narrados na Operação Carne Fraca, cuja investigação começou há mais de dois anos, decidi cancelar minha licença de 10 dias do MAPA. O que as apurações da Polícia Federal indicam é um crime contra a população brasileira, que merece ser punido com todo o rigor.

Neste momento, toda a atenção é necessária para separarmos o joio do trigo. Muitas ações já foram implementadas para corrigir distorções e combater a corrupção e os desvios de conduta, e novas medidas serão tomadas. Estou coordenando as ações, já determinei o afastamento imediato de todos os envolvidos, e a instauração de procedimentos administrativos. Todo apoio será dado à PF nas apurações. Minha determinação é tolerância zero com atos irregulares no MAPA.

ABPA

Com relação à “Operação Carne Fraca”, deflagrada pela Polícia Federal na manhã de hoje (17/03), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) destaca que o Brasil é reconhecido internacionalmente pela qualidade e status sanitário de seus produtos, que são auditados não apenas pelos órgãos brasileiros como também por técnicos sanitários dos mais de 160 países para os quais exporta.

Legislações internas e internacionais – estabelecidas por órgãos como o Codex Alimentarius – norteiam o trabalho de excelências desenvolvido pelas agroindústrias brasileiras.

Neste sentido, falhas que eventualmente venham a ser comprovadas são exceções em um modelo produtivo que é referência para o mundo.  São questões pontuais, que não refletem todo o trabalho desenvolvido pelas empresas brasileiras durante décadas de pesquisas e investimentos, para ofertar produtos de alta qualidade.

A ABPA, desta forma, condena quaisquer práticas comprovadas – as quais, reafirmamos, são pontuais – que impactem negativamente o consumidor do Brasil e do exterior.  A associação ressalta, ainda, que todos os problemas detectados serão rapidamente corrigidos pelo setor, intensificando ainda mais os cuidados que já são tomados em prol da qualidade dos produtos. 

Ao mesmo tempo em que apoia a operação e as investigações, a ABPA reitera sua confiança no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), nos fiscais federais agropecuários e nas empresas que, com seriedade, comprometimento e competência, vem ajudando a alimentar o Brasil e o Mundo nas últimas décadas. 

Sindicarne e Acav

O Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne) e a Associação Catarinense de Avicultura (Acav), em face da deflagração da “Operação Carne Fraca”, vem a público para manifestar:

A indústria brasileira de carne e, em especial, a indústria catarinense, atingiram nas últimas décadas um elevado nível de segurança e qualidade em sua operação, condição internacionalmente admirada e reconhecida.

Os padrões de biosseguridade, os avanços genéticos e a atenção extrema à sanidade e ao manejo fizeram da nossa produção agropecuária uma das mais seguras de todas as cadeias produtivas, graças ao empenho e profissionalização dos produtores rurais e aos pesados, intensos e contínuos investimentos das agroindústrias.

As indústrias brasileiras e catarinenses de carnes, notadamente as de aves e suínos, adotam o que há de mais avançado em máquinas, equipamentos, processos e recursos tecnológicos, assegurando alimentos cárneos confiáveis e de alta qualidade.

Por outro lado, sistemas de controle de qualidade das próprias indústrias e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) eliminam a possibilidade de erros ou de não-conformidades.

Essas características permitiram à agroindústria brasileira e catarinense exportar carne para mais de 160 países, entre eles, os mais exigentes do planeta em termos de qualidade e sanidade.
É necessário compreender a dimensão, a complexidade e o elevado grau de desenvolvimento desse importante setor da indústria nacional para considerar que os fatos apurados pela Polícia Federal são isolados e representam lamentáveis exceções dentro da cadeia produtiva.

O compromisso supremo das indústrias de alimentação é a oferta de proteína segura e de qualidade para a nutrição das pessoas e das famílias. Por isso, o Sindicarne e a Acav defendem a rigorosa apuração dos fatos e a exemplar punição daqueles que atuaram fora dos padrões exigidos.
Jamais pactuaremos com o erro e a omissão. Nosso compromisso é com a segurança alimentar da população.

CNTA

A Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins), que representa 110 mil trabalhadores da BRF (Sadia, Perdigão e Qualy) e de 130 mil trabalhadores da JBS (Seara e Friboi), afirmou em nota que os casos apresentados pela operação Carne Fraca da Polícia Federal são “lamentáveis”. “Saber que empresas líderes de mercado e com forte atuação no exterior são protagonistas de uma prática perversa que coloca em xeque a saúde humana em detrimento da ganância nos causa indignação”, afirma o presidente da CNTA, Artur Bueno de Camargo, em nota. 

A CNTA diz ainda que a prática “ilícita e antiética” não é diferente para com os trabalhadores. “Muitas vezes, são submetidos a pressões psicológicas e ritmos frenéticos de trabalho, com grande número de adoecimentos e acidentes, em detrimento do lucro da empresa”. 

O sindicato afirma também que o possível envolvimento do governo neste esquema traz insegurança e falta de credibilidade quanto a outros tipos de fiscalizações, como as do Ministério do Trabalho. “Para finalizar, acreditamos que o melhor combate a esse tipo de procedimento é a transparência e a fiscalização eficiente, com investimento de estrutura por parte dos órgãos competentes”.

O sindicato têm realizado recentemente manifestações em repúdio ao não pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) pela BRF aos seus trabalhadores neste ano, em função do prejuízo líquido da companhia em 2016.