Eleições

‘Lua de mel’ de Bolsonaro pós-vitória pode ser curta, diz consultoria de risco

Apoio popular menor em relação aos presidentes anteriores e promessa de não distribuir cargos públicos em troca de suporte no Congresso podem ter efeito negativo na profundidade das reformas adotadas

Foto: Tânia Regô/Agência Brasil/Agência Brasil

O período de intenso apoio popular ao presidente eleito Jair Bolsonaro deve durar pouco após sua vitória nas eleições de domingo, 28, segundo a Eurásia Group. A consultoria de risco político afirma que isso terá efeito negativo sobre a profundidade das reformas que ele conseguirá adotar durante seu governo.

“A margem de vitória de Bolsonaro, de 10 pontos porcentuais, aponta para uma vitória clara, mas não um triunfo decisivo: ela foi bem menor que a de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e 2006 (de 22 e 23 pontos percentuais, respectivamente) e mais estreita que a de Dilma Rousseff em 2010, quando ela venceu por uma margem de 12 pontos porcentuais”, disse a consultoria.

Além disso, o apoio popular a Bolsonaro também é inferior ao dos dois ex-presidentes. Ambos começaram seus mandatos com taxas de aprovação de 73% e 75%, respectivamente, sendo que 56% e 51% avaliavam o governo como “excelente” ou “bom”.

“Duvidamos que Bolsonaro começará com este nível de apoio. Nossa aposta é de que ele comece com uma taxa de aprovação de aproximadamente 50%, e que os que o consideram “excelente/bom” fiquem perto de 40%”, informou a Eurásia.

Soma-se a isso a promessa de campanha de não distribuir cargos públicos em troca de apoio no Congresso. “Isso é um problema na hora de trabalhar com uma Câmara dos Deputados composta por 30 partidos e com um Senado composto por 21, porque significa que ele não usará a ferramenta tradicional para gerar disciplina nas reformas que são politicamente impopulares”, disse a consultoria.

A Eurasia diz que o balanço final das reformas no próximo governo deve ser modesta. “Embora esperemos que a equipe econômica de Bolsonaro, amigável ao mercado, apoie uma necessária reforma da Previdência, achamos que ela será relativamente modesta em escopo e tamanho, dada a resistência do Congresso”.

Por outro lado, a consultoria lembra que a plataforma pró-mercado de Bolsonaro foi construída ao longo dos últimos dois anos e que isso é sinal de que a defesa deste tipo de política deve prevalecer durante seu mandato independentemente da permanência de Paulo Guedes, seu assessor econômico e possível ministro da Economia no governo.