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Desaceleração da economia chinesa pode afetar o Brasil? Analistas respondem

Esse é o menor ritmo em quase três décadas. Segundo informações do governo chinês, as condições econômicas mundiais contribuíram para esse resultado

A economia da China cresceu 6,2% no segundo trimestre de 2019. Esse é o menor ritmo em quase três décadas. Segundo informações do governo chinês, divulgados nesta segunda-feira, dia 15, as condições econômicas mundiais contribuíram para esse resultado.

Ainda segundo o governo, uma vez que a demanda tanto interna, quanto externa ficou mais fraca da crescente pressão comercial dos Estados Unidos à Pequim. No entanto, o país asiático afirma que apesar de representar uma desaceleração frente ao Produto Interno Bruto (PIB) de 6,4% do primeiro trimestre, o resultado ainda está dentro da margem de expansão estabelecida para 2019, entre 6% e 6,5%.

Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio Brasil-China,  afirma que apesar de causar uma leve preocupação no governo chinês, o índice não deve afetar o agronegócio no Brasil. “Há preocupação, mas não é demais. Porque afinal de contas 6.2% é uma taxa ainda bastante robusta, logicamente com a guerra comercial [entre Estados Unidos e China] ela foi afetada e teve uma queda. Além disso, o Donal Trump, que agora está entrando em inicio de campanha para sua reeleição, vai precisar muito mais de um acordo comercial do que a própria China”, afirma.

Tang enfatiza que a redução do consumo chinês não será grande, porque com 6.2% de crescimento, e com aumento de mobilidade saindo do campo em direção as metrópoles chinesas, a demanda continuará subindo. ” O problema é que com essa guerra comercial a China está tentando reduzir o seu consumo de soja e substituir por outros produtos. Mas por outro lado, a demanda de proteínas, em função da peste suína africana, que já reduziu metade do rebanho, vai demandar cada vez mais substitutos de carne suína também , porque não há produção desse tipo de carne no mundo que possa cobrir o consumo chines. O que consequentemente continua mantendo a boa demanda do Brasil”. 

O professor de agronegócios da Universidade de São Paulo (USP) e da Faculdade Getulinos Vagas, Marcos Fava Neves, também afirma que o fator econômico não será capaz de desestabilizar o bom momento nas exportações. “Não tem com o que se preocupar, pelo fato de que temos um crescimento menor em cima de uma economia bem maior. E para nossa sorte, a China está cada vez mais precisando de comida, e isso está saindo do Brasil”, comemora.  

Assim como os outros analistas, José Carlos de Lima, sócio diretor da Markestrat Consultoria, por hora, o produtor brasileiro não tem o que temer. “Na prática, o que estamos percebendo é que essa desaceleração já poderia ocorrer, mas ela foi potencializado pela guerra comercial. Por tanto, o custo de produção começa a ficar mais alto, que impacta os chineses no custo de compras, investimentos e produção”, afirma. 

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