Custos e preços preocupam produtores de arroz

A expectativa da Federarroz é que as dificuldades continuem, mas com menor intensidade

Fonte: Claudio Fachel

O produtor de arroz, especialmente no Rio Grande do Sul, não terá lembranças tão positivas do ano de 2017. Os altos custos de produção na lavoura e os baixos preços praticados no mercado, aliados à guerra fiscal e às importações de países do Mercado Comum do Sul (Mercosul), trouxeram dificuldades aos arrozeiros.

A expectativa para o ano de 2018 é de que alguns destes entraves continuem assolando os agricultores gaúchos, responsáveis por 70% da produção nacional. Segundo o presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles, o ano comercial foi extremamente duro para o produtor.

“A safra iniciou com uma expectativa de redução de custos, mas já esperávamos que isto não ocorreria, especialmente pela previsão da aplicação da bandeira vermelha por todas as concessionárias de energia elétrica, infelizmente confirmada, ainda agravada pela região atendida pela Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), onde os produtores amargaram aumento de 30% na tarifa”, salienta.

Além disso, de acordo com o dirigente, os combustíveis seguiram em uma crescente, e o arroz é extremamente dependente desse insumo, tanto pelo preparo do solo, colheita e irrigação, quanto pelo aumento do frete pelo volume retirado da lavoura.

“A recessão contribuiu para que os preços não tivessem uma valorização na entressafra e isto coloca o setor em alerta, na medida em que preços atuais não remuneram em plena entressafra”, destaca Dornelles.

Plantio
Para o presidente da Federarroz, ainda é cedo para uma previsão de safra, pois recentemente iniciou-se o período reprodutivo da cultura, especialmente as lavouras plantadas no cedo, de área significativamente baixa. “Estas sim possuem garantia de um bom potencial produtivo. As demais lavouras, que são a grande maioria, terão uma dependência maior do clima e expectativa não tão positiva”.

Segundo ele, os que plantaram no cedo também aplicaram e investiram em tecnologia, o que pode assegurar a produtividade, mas não há qualquer garantia de safra volumosa, justamente pela significativa área restante.

Cultivares
Um ponto observado por Dornelles que deverá reduzir o potencial da lavoura gaúcha é a entrada de outras cultivares que não a Irga 424 RI, desenvolvida pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Ele explica que devido às dificuldades de comercialização, os produtores optaram por plantar parte da lavoura com outras variedades, que possuem um potencial produtivo inferior à cultivar do instituto gaúcho.

Clima
Dornelles avalia que, no atual momento, o clima vem sendo bastante positivo. “O que foi ruim no início do plantio melhorou a partir de novembro, apesar da falta de umidade para nascimento de várias lavouras. Houve ocorrência de um veranico, obrigando produtores à irrigação antecipada, denominado banho, que onera custos e dificulta o controle de invasoras”, observa.

Mercado
A expectativa é que exista espaço para uma valorização do grão no início do ano, como sempre ocorreu depois do dia 15 de janeiro em relação ao arroz da safra anterior. O já consolidado atraso da entrada da nova safra, 20 dias em relação ao histórico, poderá consumir parte considerável dos estoques de passagem.