Controladora da JBS compra controle da Alpargatas

J&F adquire controle da fabricante dos chinelos Havaianas por R$ 2,67 bilhões

Fonte: Canal Rural/Pixabay

O grupo de investimentos J&F acertou acordo para comprar o controle da fabricante de calçados e vestuário Alpargatas, dona da marca de sandálias Havaianas, por R$ 2,67 bilhões, em uma operação na que a atual controladora Camargo Corrêa venderá sua participação.

O valor equivale a um preço por ação de R$ 12,85 da Alpargatas, ordinária ou preferencial, detida pela Camargo Corrêa. Isso representa um prêmio de cerca de 32% sobre a cotação de fechamento do papel preferencial da Alpargatas no último pregão na bolsa paulista e de 28,6% sobre a ação ordinária.

O preço será pago à vista, na conclusão da operação, segundo comunicado ao mercado divulgado mais cedo.

A J&F, que controla a maior processadora de carnes do mundo, a JBS, está comprando 161.846.378 ações ordinárias e 45.729.086 preferenciais da Alpargatas, representando 66,99 por cento e 19,98 por cento dessas classes de papéis, respectivamente. O negócio envolve 44,12 por cento do capital total da empresa de moda.

A operação está condicionada ao lançamento de uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) da Alpargatas pela J&F, que disse não ter intenção no momento de cancelar o registro de companhia aberta da empresa de moda no prazo de um ano. A Alpargatas tem capital aberto há 102 anos.

Às 13h20, as ações com direito a voto da Alpargatas subiam 2,10% na Bovespa, a R$ 10,20, com o preço se alinhando ao valor estimado a ser pago aos acionistas minoritários na OPA.

Já as ações preferenciais da companhia, que não serão alvo de OPA, recuavam cerca de 7%, cotadas a R$ 9,04. Essa classe de papéis acumulou valorização de quase 45% desde que a Camargo Corrêa anunciou, no começo de outubro, que analisava alternativas para seu investimento na Alpargatas.

Para a Camargo Corrêa, que está presente no capital da Alpargatas desde 1982, a transação ocorre no momento em que o grupo sofre as consequências das investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que apura escândalo bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras.

Em agosto, a construtora Camargo Corrêa, uma das empresas do grupo, assinou acordo de leniência com o Ministério Público Federal em que reconhece crimes como cartel, fraude à licitação, corrupção e lavagem de dinheiro, se comprometendo a devolver R$ 700 milhões.

Nesta segunda, dia 23, a Camargo Corrêa afirmou em comunicado que “com esse movimento estratégico, a Camargo Corrêa direciona ainda mais o foco em seu principal seguimento de atuação que é o desenvolvimento, construção e operação de infraestrutura”.

Por sua vez, o presidente da J&F Investimentos, Joesley Batista, afirmou em comunicado que “acreditamos que nossa experiência acumulada em operações globais e no desenvolvimento de marcas fortes irá impulsionar ainda mais a bem sucedida trajetória da Alpargatas consolidada pela Camargo Corrêa até aqui”.

Procurada, a J&F afirmou que vai manter a atual equipe de gestão da Alpargatas, liderada pelo presidente Márcio Luiz Simões Utsch.

Diversificação para J&F

Com a compra, o grupo J&F amplia sua atuação para o mercado de moda e vestuário, comprando a maior empresa de calçados da América Latina, com operações na Argentina, Estados Unidos e Europa.

Além da multinacional brasileira de alimentos JBS, a J&F controla a fabricante de celulose Eldorado Brasil e o Banco Original, entre outras empresas.

A Alpargatas, cujas origens remontam aos anos de 1900, teve lucro de R$ 224,5 milhões de janeiro a setembro, crescimento de 15% sobre o mesmo período de 2014.

A troca no controle da empresa acontece algumas semanas após a Alpargatas vender as marcas de calçados esportivos Rainha e Topper no Brasil a um grupo de investidores liderados pelo empresário Carlos Wizard por R$ 48,7 milhões, em uma operação que não incluiu ativos industriais.