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Conheça o carro esportivo movido a restos de cana-de-açúcar

Além de emitir menos gases nocivos ao ambiente, tecnologia empregada no veículo pode representar economia de R$ 1 por litro frente ao diesel

Os resíduos da cana-de-açúcar que saem da Cooperativa Agrícola Regional de Produtores de Cana (Coopcana), no Paraná, acabam no tanque de um carro esportivo da Audi. A tecnologia Tron da gigante alemã, aplicada no A5 Sportback, trabalha combustíveis alternativos. Os modelos g-tron, como é o caso desse veículo, funcionam à base de gás natural.

O motor 2.0 TFSI tem 170 cavalos de potência e 270 Nm de torque. Os tanques de combustível estão localizados abaixo da estrutura traseira e armazenam 19 quilos de gás, com autonomia para rodar até 500 quilômetros.

O modelo faz até 26 quilômetros por quilo de gás, com emissões de dióxido de carbono (CO2) de 102 gramas por quilômetro. No funcionamento com gasolina, por exemplo, o motor faz até 17 quilômetro por litro do combustível, correspondendo às emissões de CO2 de 126 gramas por quilômetro.

O veículo vai de 0 a 100 quilômetros por hora em apenas 8,4 segundos. Sua velocidade máxima é de 224 km/h, limitada eletronicamente.

Como é feito o combustível

Para virar combustível, os restos são enviadas à planta da Geo Energética, em Tamboara (PR). Ali são transformados em biogás de qualidade e alto teor de pureza, explica a empresa. Já a transformação em biometano é feita pela Acesa Bioenergia, através do método de Adsorção por Variação de Pressão — tecnologia alemã, líder mundial no setor. O processamento na unidade é suficiente para abastecer cerca de 90 veículos todos os dias.

“O biometano produzido por meio da purificação do biogás é um combustível 100% renovável, equivalente ao gás natural, com parâmetros de qualidade estabelecidos pela Resolução 685 de 2017 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)”, explicam as empresas, em nota.

Segundo o diretor da Acesa Bioenergia e vice-presidente do Conselho Administrativo da Associação Brasileira de Biogás e Biometano (ABiogás), Gabriel Kropsch, “quando comparado com combustíveis fósseis tradicionais, como a gasolina e o óleo diesel, o biometano originado de resíduos da indústria sucroalcooleira reduz em até 95% as emissões de gases de efeito estufa e em mais de 90% as emissões de outros poluentes que afetam diretamente a saúde humana, como NOx e material particulado”.

O preço do biometano é próximo ao do gás natural veicular (GNV) tradicional; ou seja, em média 50% mais barato que a gasolina, apontam dados da ABiogás. Em relação ao óleo diesel, o benefício para grandes frotistas chega a R$ 1 por litro.

A associação afirma que, além de veículos de passeio, como o A5 Sportback g-tron, eles podem ser usados em equipamentos agrícolas, como tratores, caminhões e colheitadeiras.

Segundo a associação, o Brasil é considerado o país com maior potencial de produção de biogás do mundo: 82 bilhões de metros cúbicos por ano. O país possui matéria-prima para suprir 70% do consumo nacional de diesel ou 36% do consumo de energia elétrica. O setor sucroenergético é a grande promessa para o biogás, com potencial para gerar 41 bilhões de m³/ano. Em seguida, vem a agroindústria, com 38 bilhões de metros cúbicos e saneamento com 4 bilhões de metros cúbicos.

Ainda segundo a Abiogás, a meta do setor é oferecer 10,7 milhões de Nm3/dia de biometano no mercado brasileiro até 2025, chegando a 32 milhões de Nm3/dia até 2030. Isso é combustível suficiente para abastecer 1,6 milhão de veículos leves ou substituir quase 20% do consumo de óleo diesel, muito mais poluente, caro e em grande parte importado.

Através do RenovaBio, aprovado em 2017 e em fase final de regulamentação, as plantas que utilizarem essa tecnologia serão premiadas com notas de eficiência melhores e terão ganhos econômicos e sociais, com impacto para os consumidores finais.

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