Brasil pode não retaliar os EUA na questão dos subsídios ao algodão

Conforme representante do Itamaraty, interesse do governo brasileiro é que país cumpra decisão da OMCO Brasil poderá optar por não retaliar os Estados Unidos caso o país cumpra decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre os subsídios à cotonicultura no país, disse o coordenador-geral de contenciosos do Ministério das Relações Exteriores, Luciano Mazza. Ele participou de audiência realizada pela Comissão de Agricultura do Senado nesta quarta-feira, dia 18, para discutir ações do governo brasileiro que deverão ser executadas após decisão favorável ao Brasil tomada pela OMC no último di

O governo brasileiro havia registrado queixa contra a política norte-americana de fornecer ajuda financeira aos produtores de algodão. O Órgão de Solução de Controvérsias (OSC) da OMC emitiu parecer no qual reiterou sua rejeição à pretensão dos Estados Unidos de defenderem seus subsídios aos cotonicultores.

Mazza explicou que no próximo dia 20 será decidido o montante que o Brasil terá direito a receber dos Estados Unidos como indenização, além da modalidade de uma eventual retaliação. No entanto, conforme o representante do Itamaraty, o importante é que os Estados Unidos adaptem seu programa de subsídios às regras da OMC.

? O objetivo a ser alcançado é o cumprimento dessas obrigações. Se pudermos chegar a esse objetivo sem retaliar, acho que atingiremos um resultado mais adequado e satisfatório ? afirmou.

O diretor de Programa da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Helinton José Rocha, é da mesma opinião. Para ele, o mais desejável é que “os EUA reconheçam seus erros e mudem suas atitudes com relação aos subsídios irregulares ao algodão”.

Benefícios

Para o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Haroldo Rodrigues da Cunha, o ideal é converter a retaliação em benefícios diretos ao setor produtivo de algodão no Brasil. Para ele, o Brasil, depois da difícil vitória obtida na OMC, não pode simplesmente deixar de tomar uma atitude.

? O setor não está conseguindo sobreviver. Precisamos pensar um pouco mais proativamente para que possamos efetivamente ocupar um maior espaço no mercado e, assim, trazermos mais divisas e empregos para o país ? destacou.

Parlamentares defendem retaliação

O presidente da Comissão de Agricultura do Senado defendeu a retaliação aos Estados Unidos em valor estimado de US$ 4 bilhões para que a decisão favorável ao Brasil na questão dos subsídios norte-americanos ao algodão não fique no esquecimento.

? O Brasil deve retaliar, caso contrário perderá o respeito perante as demais nações, pois, para muitos céticos, esta ação era um caso impossível de se obter uma vitória. Ganhamos uma batalha, mas a guerra é longa ? disse Neuto de Conto (PMDB-SC) .

Para o senador Gilberto Goellner (DEM-MT), ao colocar em xeque todo o programa de subsídios norte-americanos a Organização Mundial do Comércio abre uma oportunidade para que uma eventual retaliação converta-se em benefícios ao mercado brasileiro de algodão.

? Retaliações comerciais que possibilitem benefícios à agricultura brasileira seriam bem-vindas e compatíveis com a realidade atual ? afirmou.