Bloqueio na BR-163 no Pará reduziu fluxo de caminhões em 75%, diz Abiove

Trânsito foi interrompido em protesto por veto que altera limites da Floresta Nacional do Jamanxim

Fonte: Pedro Silvestre/Canal Rural

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) estimou nesta sexta-feira, dia 7, que o bloqueio da BR-163 na região de Nova Progresso já reduziu o fluxo de caminhões na rodovia em 75%. O protesto realizado por produtores, garimpeiros, madeireiros e moradores da região interrompe o fluxo na rodovia por causa do veto à MP 756, que altera os limites da Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim, no Pará. Nesta época do ano, estão sendo transportados soja e milho na BR-163 para escoamento pelos portos de Miritituba e Santarém, no Pará.

O gerente de Economia da Abiove, Daniel Furlan Amaral, que acompanha o fluxo na região, afirma que os bloqueios são itinerantes, começando em uma cidade e seguindo para a outra, mas acompanhando o traçado da rodovia. “Os embarques nos portos ainda não pararam, mas, a continuar nesse ritmo, dentro de quatro ou cinco dias, eles vão ser interrompidos mais uma vez neste ano”, apontou.

Em 2017, já ocorreram problemas de fluxo na BR-163, sendo o mais grave entre fevereiro e março, quando fortes chuvas provocaram atoleiros em áreas não pavimentadas, impedindo a passagem de caminhões de carga. A Abiove já contabiliza prejuízos entre as associadas que atuam na região. “A gente já teve uma redução nos embarques, podemos ter cancelamentos de novo de navios”, disse Amaral. “Algumas empresas já reportaram que a programação de julho está comprometida. Toda a cadeia produtiva está sofrendo novamente com isso, em um ano em que a gente deveria trabalhar para exportar todos esses volumes de soja e milho.”

Os embarques só não foram interrompidos por causa dos estoques e por causa da continuidade do recebimento, ainda que em ritmo reduzido, segundo Amaral. “Mas vai chegar um momento em que as empresas não vão ter volume para continuar fazendo os embarques”, destacou. A Abiove ressaltou que a capacidade de recebimento de grãos por caminhões em Miritituba e Santarém caiu de 25 mil toneladas por dia para 5 mil a 6 mil toneladas.

A expectativa agora é de uma resposta do governo com relação ao bloqueio. “A gente espera que seja tomada uma atitude rápida pelo governo, que ele tenha um canal de diálogo com a região”, disse Amaral. O governo já foi comunicado sobre o problema por meio de ofício. O documento, assinado por Abiove, Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil) e Associação Dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport), informa sobre o problema e pede medidas emergenciais.

“A gente vai precisar dar uma solução urgente para isso, para que o Brasil consiga exportar e não perder produto por problema ou falta de armazenamento. É uma situação novamente preocupante com a BR-163”, disse Amaral.