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Após comprar Arysta, UPL quer fazer do Brasil polo exportador de defensivos

De acordo com a empresa, objetivo é aproveitar posição estratégica do país para atingir mercados da América Latina e da África

A indiana United Phosphorus Limited (UPL) planeja fazer da operação brasileira um polo exportador de defensivos. Após ter recebido aval de autoridades antitruste de vários países para a compra da Arysta LifeScience por US$ 4,2 bilhões e com as duas empresas integradas, a UPL pretende aproveitar a posição estratégica do Brasil em relação a outros produtores de alimentos e dar mais peso a seus negócios por aqui.

O país já é responsável por mais de um quinto do faturamento global da empresa, de US$ 5 bilhões em 2018 – soma das receitas da UPL e da Arysta no período, de aproximadamente US$ 2,9 bilhões e US$ 2 bilhões, respectivamente. “Faz todo o sentido exportarmos daqui. O Brasil é bem localizado do ponto de vista logístico. Mas é importante levar em conta o ‘custo Brasil’, que inclui a variação cambial, a complexidade dos impostos e, principalmente, a segurança nas estradas e no campo”, disse o COO Global de Estratégia e Inovação da UPL, Carlos Pellicer.

Outra vantagem de fazer do país um núcleo exportador seriam os acordos bilaterais em vigor com mercados da América Latina, como México e Colômbia. “Exportar para esses países é mais simples pela questão fiscal. Vender daqui para a África é outro plano”, afirmou Pellicer.

O potencial do Brasil como fornecedor de defensivos ao exterior é grande. De ingredientes ativos (usados na formulação dos produtos), haveria possibilidade de as fábricas locais exportarem de 20% a 25% da demanda global. Entre os formulados, o país poderia abastecer o mercado externo com 30% a 35% do total, avaliou Pellicer.

O anúncio da compra da Arysta LifeScience pela UPL foi feito em julho do ano passado. A Arysta, até então, pertencia à norte-americana Platform Specialty Products (PSP). A operação, segundo Pellicer, foi aprovada por órgãos antitruste de diversos países onde as duas companhias têm operação sem a necessidade de que se desfizessem de parte de seus ativos. A UPL foi fundada em 1969 na Índia como fabricante de agroquímicos e atua em 124 países. No Brasil, tem um centro de tecnologia, produção e distribuição em Ituverava (SP). Já a Arysta tem fábrica em Salto de Pirapora (SP). Os produtos que saem das duas unidades abastecem majoritariamente o mercado interno, segundo o executivo. Para atender à demanda internacional, portanto, a companhia precisaria investir na ampliação de sua estrutura local.

Pellicer, juntamente com o CEO da Arysta Latam (América Latina), Fábio Torretta, consideram que serão necessários investimentos no Brasil ainda em 2019 só para atender à crescente demanda interna. “Algumas linhas de produtos têm maior capacidade de produção, outras estão no limite. No caso de alguns produtos, precisaremos investir em ampliação já em 2019, mas ainda não temos estimativa do montante”, afirmou Torretta.

Durante o período de análise da operação por órgãos antitruste, explicou ele, as empresas não puderam trocar uma série de informações sobre suas atividades. Nos próximos 45 dias, até o encerramento do ano fiscal de 2018 da UPL, os executivos definirão os próximos investimentos.

UPL Arysta
Foto: divulgação