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Área ocupada pela agropecuária cresceu 5% desde 2006, aponta IBGE

Dados divulgados pelo instituto também mostram que, comparado a 11 anos atrás, o número de ocupados na atividade recuou 1,5 milhão

Foto: Pixabay

A área ocupada pela agropecuária chegou a 350,2 milhões de hectares em 2017, aponta o censo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta, dia 26. Os 16,5 milhões de hectares a mais — quase o tamanho do Acre — representam expansão de 5% frente a 2006, ano do levantamento anterior. Segundo os dados, esse território é dividido entre cerca de 5 milhões de estabelecimentos dedicados à atividade, queda de 2% no comparativo.

O coordenador técnico do censo, Antonio Carlos Florido, ressaltou que a entrada de áreas novas no processo produtivo, ou que estavam paralisadas e voltaram a produzir, foi identificada em grande parte no Pará e no Mato Grosso.

De todas as regiões brasileiras, somente o Nordeste apresentou redução do número e da área dos estabelecimentos agropecuários, com perda de 131,5 mil estabelecimentos e de 9,9 milhões hectares. Em contrapartida, o Rio Grande do Sul, apesar de ter queda de 151,9 mil estabelecimentos, viu a área crescer em 1 milhão de hectares.

Maquinário reduz número de pessoas na atividade

O pessoal ocupado também sofreu redução em comparação ao censo anterior, saindo de 16,56 milhões para 15 milhões. A queda em 11 anos foi de 9,4%.

Em contrapartida, cresceu 49,7% a compra de tratores, atingindo 1,22 milhão de unidades em 30 de setembro de 2017, contra 820,7 mil no censo de 2006. Segundo o IBGE, 733,9 mil estabelecimentos usavam tratores no ano passado. “Isso já vem sendo mostrado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Aumenta trator, diminui pessoas”, observou o coordenador.

A média de ocupados por estabelecimento também experimentou retração, passando de 3,2 pessoas para 3 pessoas no novo censo. O total de produtores e trabalhadores com laços de parentesco com eles também se reduziu de 12,8 milhões de pessoas, em 2006 para 10,9 milhões, em 2017. A queda percentual no período foi de 77% para 73%.

Cresce participação das mulheres no agro

O total de estabelecimentos agrícolas nos quais o produtor é do sexo feminino subiu de 12,7% para 18,6% entre 2006 e o ano passado. Já aquelas que se declaram codiretoras do estabelecimento agropecuário somavam 816,9 mil pessoas, em 2017.

Porcentagem de idosos na atividade aumenta

O censo também revela tendência de envelhecimento do produtor, ocasionando, em alguns estados, agregação de estabelecimentos para arrendamento a terceiros. O censo agropecuário de 2017 mostra aumento da participação de idosos de 65 anos de idade ou mais na direção do estabelecimento, atingindo 21,41%.

Florido disse que “está havendo um envelhecimento gradativo dos produtores, sem uma sucessão de filhos”. Em 2006, os idosos correspondiam a 17,52% dos produtores.

Raça

Pela primeira vez, o censo investigou a cor ou raça dos produtores e apurou que em números isolados, predomina a população parda e negra, com 52% (2,66 milhões de pessoas, seguida pelos brancos, com 45% (2,29 milhões). O resultado acompanha a distribuição da população, segundo a PNAD Contínua de 2017.

Educação e acesso à internet

Cerca de 3,8 milhões de produtores disseram saber ler e escrever no censo de 2017, contra 1,16 milhões que não tinham alfabetização. Do total de produtores, 79,1% não foram além do ensino fundamental e 15,5% nunca frequentaram escola. Por outro lado, apenas 5,58% cursaram ensino superior.

O acesso dos produtores à internet aumentou mais de 1.790,1% entre 2006 e 2017. No censo de 2006, 75 mil estabelecimentos agropecuários tinham acesso à internet. Em 2017, esse número subiu para 1,42 milhão de produtores.

Utilização da terra

A área de pastagens naturais  caiu 18,7%, enquanto as pastagens plantadas subiram 9,1%. O documento mostra que as pastagens naturais vêm caindo direto desde 1975. “A pastagem que tem menos produtividade vem sendo substituída por pastagem plantada, que tem mais. Você consegue ter mais cabeça de animais por hectare. Só que uma não substitui a outra no mesmo lugar. O gado, na realidade, está sendo movido para outras áreas”, informou Florido.

A pesquisa do IBGE revela aumento de estabelecimentos em terras próprias (de 76,2% para 82,26%). no entanto, a participação desses estabelecimentos na área total diminuiu de 90,5% para 85,4%.

O total de propriedades com terras arrendadas caiu de 6,5% para 6,3%. Os estabelecimentos entre 100 e 1 mil hectares tiveram redução na participação na área total de 33,8% para 32%, enquanto os estabelecimentos com 1 mil hectares ou mais ampliaram a participação na área total de 45% para 47,5% no período pesquisado.

Em 2017, 502,4 mil estabelecimentos informaram usar algum tipo de irrigação. A área irrigada total no país foi de 6,9 milhões de hectares. O aumento em ambos os casos foi de 52% entre os dois censos. O documento mostra que 1,68 milhões de produtores utilizaram agrotóxicos no ano passado, um aumento de 21,2% em comparação a 2006.

Pecuária

De acordo com o IBGE, 2,52 milhões de estabelecimentos tinham 171,8 milhões de cabeças de gado bovino no ano passado, com destaque para os estados de Mato Grosso (24,1 milhões), Minas Gerais (19,4 milhões) e Mato Grosso do Sul (18,1 milhões).

A produção de galináceos (galinhas, galos, frangas, frangos e pintos), chegou a 1,453 bilhão de cabeças, com o Paraná à frente, com um total de 347,7 milhões de cabeças.

Os suínos totalizaram 39,1 milhões de cabeças, com destaque para Santa Catarina (8,4 milhões de cabeças). O censo também mostrou a existência, em 2017, de 13,7 milhões de cabeças de ovinos, também sob a liderança baiana (2,8 milhões), seguida de perto pelo Rio Grande do Sul, com 2,6 milhões de cabeças.

A liderança na produção de caprinos fica com a Bahia (2,3 milhões de cabeças). O total de caprinos em território brasileiro chega a 8,25 milhões de cabeças. Pará e Amapá lideram a produção de gado bubalino (búfalos), com 320,7 mil e 223,8 mil cabeças, respectivamente, para um total no país de 948,1 mil cabeças.