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Ana Amélia defende armas para produtores e diz que não será ‘vice decorativa’

Candidata a vice pela chapa de Geraldo Alckmin, senadora tem forte ligação com o agronegócio e falou também sobre Funrural, agricultura familiar e lei de defensivos

Foto: José Florentino/Canal Rual

O Canal Rural entrevistou nesta sexta-feira, dia 14, a candidata à vice-presidente na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB), senadora Ana Amélia Lemos (PP). A parlamentar tem forte ligação com o agronegócio e é a segunda entrevistada da série do Canal Rural com os candidatos a vice. A primeira entrevista aconteceu na última terça-feira, dia 11, com a candidata Kátia Abreu (PDT), pela chapa de Ciro Gomes, do mesmo partido.

Ana Amélia Lemos falou de temas importantes para os produtores rurais de todo o Brasil, como a questão do Funrural, o porte de armas para o homem do campo, a agricultura familiar e a lei de defensivos. Confira as propostas da candidata para o setor:

Porte de arma para produtores rurais

Sobre uma das questões mais polêmicas da eleição atual, a senadora Ana Amélia Lemos se posicionou, mais uma vez, pela legalização do porte de armas para produtores rurais. “Eu sempre defendi o porte de armas aos produtores e já, inclusive, questionei a procuradora-geral da República, Raquel Dodge sobre o fato do estatuto do desarmamento não distinguir situações diferentes, como nas áreas rurais, onde o produtor está à própria sorte”.

Apesar de defender a medida, a proposta não está no plano de governo da chapa. “Quando se elabora um programa de governo é preciso pensar no que o país precisa e são tantos problemas a serem resolvidos, que não caberia incluir algo tão detalhado. O RenovaBio (iniciativa do governo para expandir a produção de biocombustíveis), por exemplo, não está no programa mas vamos fazer. O programa de governo é uma carta de intenções em determinadas áreas, mas não podemos ter um grau de detalhamento tão específico, pois a energia será perdida”, completou.

Ainda segundo a candidata, caso seja eleito, o governo Alckmin vai lutar para definir regras para consolidar a segurança jurídica aos produtores rurais e garantias para a competitividade do produtor.

Funrural

Nesta semana foi divulgado o acórdão dos embargos do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), que esgota as possibilidades do judiciário. Na visão da senadora, a Justiça demorou muito para decidir sobre o assunto. “Foram 12 anos para ser tomada uma decisão, criando um passivo muito grande, o que causou um desserviço ao Brasil. Quando há um impacto financeiro tão elevado como foi esse do Funrural, a Suprema Corte tem que medir as consequências de uma decisão. Não é um país com seriedade e segurança jurídica para os produtores, mas vamos analisar isso à luz da racionalidade, levando em consideração a decisão da Justiça e tendo em vista as condições dos produtores em relação à essa questão”, disse.

Plano Safra

Outra proposta da chapa da senadora é a transformação do plano safra em plurianual, uma tentativa de dar mais previsibilidade às regras da política agrícola. Questionada como esse plano poderia ser viável com um déficit público tão alto, a candidata se apoiou na experiência de seu companheiro de campanha.

“Quem governou o estado de São Paulo, que é praticamente um país, com uma economia tão diversificada, tem segurança para fazer isso. Um plano plurianual para a safra é uma questão importante ao agricultor,(…) pois um plano de médio a longo prazo é mais seguro para o produtor se programar, gerando mais garantias como o seguro rural que não precisa ser, necessariamente, com todos os recursos do governo. Podemos examinar, eventualmente, a participação de outros membros como o sistema financeiro e outros participantes da cadeia produtiva”, disse.

Ministério da Agricultura

Quando perguntada se o atual ministro da agricultura, Blairo Maggi (PP), poderia continuar no cargo, Ana Amélia disse que poderia ser uma possibilidade. “É um grande ministro e fez um trabalho extraordinário, mesmo diante da crise da Operação Carne Fraca. Penso que ele terá tempo e oportunidade para falar, mas adianto que não acumularei o cargo como vice, até porque prefiro o ministério da Defesa, que é estratégico para o governo e terá uma atuação muito importante nas fronteiras”, falou.

E sobre os desafios da pasta, Ana Amélia disse que vai mirar nas questões de sanidade animal e vegetal, fortalecimento da embrapa, além de fortalecer o cooperativo e a agricultura familiar. A candidata disse ainda que poderá levar a experiência de Geraldo Alckmin na crise hídrica de São Paulo para auxiliar em regiões castigadas pela seca no Nordeste.

Leio de defensivos

Sobre a polêmica recente envolvendo a liberação ou não de importantes produtos químicos para o agronegócio, como foi o caso do glifosato, a candidata disse que cobraria seriedade para o tema. “Eu lamento que uma questão ligada à ciência e inovação tecnológica na área dos agroquímicos tenha sido colocado no campo da ideologia. O Brasil é um país tropical e precisamos de inseticidas, fungicidas e herbicidas. Essa é uma demanda importante”, disse.

Ana Amélia falou ainda que vai lutar para uma segurança maior na produção de novos produtos, sempre se balizando em questões técnicas e científicas.

Agricultura familiar

“Essa é uma área muito cara ao candidato Alckmin e para mim, que sou do Rio Grande do Sul,  um estado onde agricultura familiar é muito forte. Eu já visitei a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e cooperativas de vários estados e posso dizer que o Alckmin é um cooperativista. Vamos trabalhar na questão da assistência técnica, extensão rural, financiamento, segurança jurídica e Previdência Rural. Não podemos esquecer também da questão das sucessões familiares, já que os produtores estão envelhecendo e existe um êxodo rural dos jovens”, disse a candidata.

Em suas considerações finais, Ana Amélia deu o seu recado aos telespectadores e disse que não será uma vice decorativa, em referência à frase dita pelo atual presidente Michel Temer (PDMB), quando ainda ocupava o palácio do Jaburu durante o governo Dilma.

A senadora disse ainda que ficará ao lado dos produtores rurais e resolverá as demandas, sempre consultando as lideranças cooperativas, da agricultura familiar e exportadores. “O Brasil precisa se reencontrar e valorizar quem sustenta a economia brasileira, que é nossa agricultura, a mais sustentável do mundo”, finalizou.

https://blogs.www.canalrural.com.br/kellensevero/2018/08/20/conheca-o-plano-de-governo-de-cinco-presidenciaveis-para-o-agronegocio/