Alta do dólar e recursos para financiamento da safra animam setor da borracha

Matéria-prima do produto subiu 30% desde 2014. Conab começou a liberar R$ 8 milhões para a atividade, através de programa de subvenções

A alta do dólar e a liberação de recursos para financiamento da próxima safra animam o setor de borracha, que tem acumulado prejuízos. A valorização da moeda americana frente ao real tem beneficiado o preço do coágulo nacional, matéria-prima do produto, que subiu 30% do ano passado para cá.

Além disso, depois de meses de atraso, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) começou a liberar R$ 8 milhões aos produtores, através do Programa Nacional de Subvenções.

O cultivo da seringueira passou por anos difíceis com a alta oferta mundial do produto. Apenas 30% da matéria-prima usada pela indústria brasileira da borracha é nacional. A crise no setor desestimulou trabalhadores como o João Trindade Santos, que veio de Sergipe há dez anos, para fazer a sangria (extração do látex das árvores) em Rio Claro (SP).

Ele conta que trouxe três irmãos do estado Natal para fazer o mesmo serviço. Mas todos pararam de trabalhar em seringais, por causa do preço ruim do coágulo, que desestimulou os produtores.

O proprietário da área de plantio na qual Santos trabalha, Luís Antônio Murbach, está confiante com os resultados da próxima safra, por causa do aumento do preço da matéria-prima, cotado atualmente a R$ 2,30 o quilo.

O setor também comemora a liberação de R$ 8 milhões para financiar a próxima safra. O dinheiro começou a ser repassado em 11 de novembro, e já foi responsável pela contratação de mil trabalhadores.

O produtor Milton Hage afirma que a extração do látex é necessariamente manual. Ele conta que, em sua fazenda de cem mil árvores, é preciso empregar cerca de trinta pessoas para realizar a tarefa.

Nas duas últimas semanas, mais da metade dos recursos destinados ao setor já foram liberados aos produtores que tiveram a documentação aprovada pela Conab. 

O secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Arnaldo Jardim, estado responsável por 50% da produção nacional de borracha, acha que este é um bom momento para o produtor conquistar a indústria.