Agricultura

Saiba como agricultores tornaram altamente produtivo um solo infértil

Contornar a falta de nutrientes na terra do cerrado foi um grande desafio para o setor, que hoje divide os segredos de manejo que mudaram esse cenário

Mão segurando punhado de terra
Foto: Pixabay

Sérgio Stefanello adquiriu as primeiras áreas de cultivo no cerrado, na década de 1980. O agricultor diz que apesar do solo ser “plano, profundo, bem drenado e argiloso”, as características químicas competem para ser as piores do planeta. “Não tem reservas de fósforos, cálcio, potássio. Não tem nada”, afirma.

O produtor conta que quem tentasse plantar na época não conseguiria se sustentar. Para deixar as áreas altamente produtivas, foi preciso tempo. Cerca de dez anos trabalhando o manejo do solo, investindo em correção e adubação. A diversificação de culturas completou o processo. “A soja é a nossa cultura principal. A gente também planta girassol, milho pipoca, painço e  feijão. Esse conjunto traz vida ao nosso solo. Agora, estou começando com a integração lavoura-pecuária também, que é uma coisa fantástica. Os resultados são extremamente significativos para o solo de cerrado”, declara Stefanello.

A presidente do sindicato rural de Campo Novo do Parecis (MT), Giovana Velke, afirma que o município tem a maior diversidade agrícola do Brasil está na região do chapadão do Parecis. “Ele tenta apostar em culturas de segunda safra diferentes, para não ficar tão preso a esse mercado, que seria somente de milho”.

Não é só de manejo que vive a produção local. Os desafios também abriram portas para a entrada de tecnologias. O equipamento chamado de rolo faca foi uma delas. O implemento proporciona melhor aproveitamento da palhada e baixo consumo de combustível. De acordo com o representante comercial da Guimarães Máquinas Agrícolas (Guimag), Gustavo Nogueira, a velocidade indicada para o maquinário, é possível fazer um hectare com dois litros.

O vendedor diz que a empresa comprovou que o equipamento se paga em dois anos. Além disso, as propriedades onde a máquina foi usada aumentaram a produção por hectare em duas ou três sacas. “Na nossa região, precisamos desse equipamento para proteger o solo, por conta das chuvas e da alta temperatura”, completa.

Na última safra, o agricultor Roberto Chioquetta adquiriu uma dessas máquinas. Para ele, a facilidade e o resultado final no plantio contam muito. “Você não fica ali desembuchando plantadeira, enrolando principalmente crotalária, que é um material bastante rígido. No ano passado, quando fizemos a mesma operação, o plantio foi um luxo! A palha fica no ponto para você plantar”, afirma.

Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de Produtores de Milho (Abramilho), Glauber Silveira, a rolagem da palhada do milho traz um grande benefício para a lavoura e para o agricultor. “Acaba moendo aquilo. Você tem a decomposição muito mais rápida da palhada e um plantio mais uniforme, homogêneo”.