Agricultura

'Não pode trazer defensivos do Paraguai, mas importamos arroz; qual o sentido?’

Para o deputado federal Sérgio Souza (MDB-PR), os debates em torno dos agroquímicos têm frequentemente entrado na pauta dos parlamentares, mas reconheceu que o tema é delicado

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Foto: Governo federal

O deputado federal e vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Sérgio Souza (MDB-PR), criticou o fato de que o Brasil não permite o uso de defensivos agrícolas de países vizinhos, mas não proíbe a importação de produtos agrícolas, como o arroz do Paraguai, trigo e milho para serem usados como ração para frangos e suínos. “E isso é justo? Que tipo de acordo com o Mercosul e mercado é esse?”, indaga Souza. A declaração ocorreu durante o talk show Diálogos do Campo nesta terça-feira, 20, em Brasília.

Para o deputado, os debates em torno dos agroquímicos têm frequentemente entrado na pauta dos parlamentares, mas reconheceu que o tema é delicado.

” O próprio produtor rural não compreende os riscos quando ele vai até o outro lado da fronteira para comprar um defensivo agrícola com o mesmo princípio ativo, às vezes três, quatro vezes mais barato do que ele compra no Brasil, ou quando ele acaba comprando um defensivo que não tem no país, mas que para ele é mais eficiente na lavoura. Mas o que ele não sabe, é que esse produto tem às vezes 200, 300 mais toxidade, mais impurezas e que por isso aqui no Brasil não é permitido. E para refinar um defensivo assim, é preciso gastar muito, por isso no Brasil ele é mais caro”, disse.

Sérgio Souza também relatou que há prioridade tanto do governo atual quanto do setor agropecuário em levar mais informação para a sociedade sobre os agroquímicos. Recentemente a Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, liderou um encontro com veículos de comunicação para  esclarecer dúvidas sobre o uso de defensivos agrícolas no Brasil. 

“Precisamos ser responsáveis e temos que trabalhar essa questão da comunicação, para que o cidadão urbano perceba que o setor que produz não quer proteger o ganho latifundiário. Nós também somos contra o desmatamento ilegal da Amazônia, somos contra queimadas, somos contra trabalho escravo, somos contra o uso demasiado de defensivos agrícolas. Nós não queremos colocar veneno nos pratos das pessoas”, declarou ele.

Ainda segundo Sérgio, o sistema de análise e aprovação de novos agentes químicos para serem usados em novos defensivos ainda é muito lento quando comparado a outros países, o que aumenta a procura pelos produtos em outros países com baixo custo.

“Nós somos ineficientes na hora de analisar a liberação de novas moléculas. O Brasil demora em alguns casos cerca de 10 anos para liberar uma molécula nova, e isso causa um atraso enorme. Enquanto a Europa está barrando um certo defensivo por conta de novos produtos, que são mais eficientes e menos nocivos, no Brasil, não conseguimos liberar nem o anterior, o que torna ainda mais caro todo o custo.”

“Por fim, Sérgio ressaltou a importância da fiscalização e de uma punição mais severa para aqueles que trazem defensivos altamente tóxicos para o país. “Temos que ter regras para que não entre no país produtos agrícolas de origem de nossos países vizinhos, principalmente do Paraguai, que tem um alto teor de toxicidade”.

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