Milho

Genética pode ser alternativa para enfrentar nova doença do milho

Até agora desconhecida no Brasil, estria bacteriana é capaz de reduzir a produtividade das lavouras em 50%

Foto: Iapar

Cautela e pesquisas. Essa é a síntese das conclusões que chegaram os mais de 100 técnicos, pesquisadores e produtores que participaram de reunião para discutir a ocorrência de uma nova doença capaz de reduzir a produtividade de lavouras de milho em 50%.

Até agora desconhecida no Brasil, a estria bacteriana, causada pela xanthomonas vasicola pv. vasculorum, foi detectada em lavouras na região oeste, centro-oeste e norte do Paraná.

“É sem dúvida um problema grave, mas que deve ser tratado com critérios técnicos e sem comoção”, afirmou o diretor de pesquisas do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Tiago Pellini.

Presente no encontro, o representante do Ministério da Agricultura, Cezar Augusto Pian, esclareceu que a entidade reconheceu a ocorrência do patógeno e está monitorando a situação das lavouras para delimitar sua distribuição e, eventualmente, subsidiar ações no campo legislativo.

Doença de difícil controle por meio de agroquímicos, a resistência genética é apontada como a melhor estratégia para, no curto prazo, enfrentar o novo problema. A identificação das cultivares mais suscetíveis atualmente no mercado é a medida mais urgente a se tomar, segundo os participantes da reunião.

Os representantes de cooperativas presentes informaram que já estão fazendo essa triagem, com base nas informações já disponíveis em seus centros de experimentação.

Pesquisas
Também foi sugerida uma avaliação em âmbito nacional, por meio de parceria que deve ser estruturada com a Embrapa e as empresas obtentoras de cultivares.

Já se sabe que a bactéria pode sobreviver de uma safra para outra na palhada, em restos de culturas e em outras plantas hospedeiras que podem funcionar como inóculo da doença – espécies invasoras ou cultivadas, como arroz, aveia e forrageiras.

Outro ponto que merece estudo é a relação com o clima. “Ao contrário da Argentina e Estados Unidos, onde a doença também está presente, no Brasil há condições de umidade e temperatura favoráveis à bactéria ao longo de todo o ano, e precisamos entender melhor o comportamento da bactéria em função das chuvas”, explicou o pesquisador Rui Pereira Leite, do Iapar.

A recomendação para a próxima safra é que os produtores usem sementes idôneas e mantenham permanente contato com a assistência técnica.