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EUA e Brasil devem fechar acordo envolvendo açúcar e etanol

Os americanos devem aumentar importações de açúcar brasileiro em troca de isenções nas exportações do combustível, segundo a Unica

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que vai trabalhar para fechar um acordo comercial com o Brasil, e a agricultura está entre os possíveis setores beneficiados. A vinda do secretário de Comércio americano, Wilbur Ross, deve acelerar o processo. Ele será recebido pelo presidente Jair Bolsonaro e pela equipe econômica nesta quarta, 31, em Brasília.

Cerca de dois anos atrás, o Brasil criou uma cota para importação de etanol de 600 mil litros por ano. Fora desse limite, as compras são taxadas em 20%. “Nós não tínhamos nenhum tributo e o mercado brasileiro começou a ser invadido, dado o excedente do combustível nos EUA”, relembra o diretor-técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antônio de Pádua Rodrigues.

Mas a cota perderá a validade em setembro deste ano e o país poderia voltar taxar totalmente as importações. “Usando isso, o Brasil gostaria de fazer uma troca: o etanol americano sem taxas pela entrada do açúcar no mercado norte-americano”, avalia Rodrigues.

Problema interno

O clima não colaborou com a colheita de cana na primeira quinzena de julho e pode prejudicar a produtividade da safra, afirma a Unica. Dados apurados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) em parceria com a entidade mostram que 400 mil hectares do Centro-Sul foram afetados pela geada. Desse total, aproximadamente 65% ainda não havia sido colhido. Em algumas unidades produtoras, o fenômeno chegou a a impactar 50% da área.

“Na região, temos aproximadamente 10 milhões de hectares de área cultivada, sendo que 8 milhões estão em fase de colheita. Em referência global, pode parecer uma perda pouco representativa, mas quando esse problema é tratado localmente, as perdas são enormes”, afirma o diretor-técnico da Unica.