Pecuarista lucra R$ 0,12 a mais por litro de leite

Em 1989, o engenheiro mecânico, José Francisco Rodrigues Gomes, começou a trabalhar com a produção de leite. Passou por vários sistemas até descobrir o free stall. Neste método, o bem estar animal garante aumento da produtividade. As vacas ficam em camas individuais, com areia trocada a cada 15 dias. Um jogo de roldanas puxa os scrapers, um tipo de raspador, que a cada 40 minutos são acionados para limpar o chão. 

Ventiladores e aspersores mantém o ambiente arejado. O agrônomo, Adriano Ribeiro do Val Marques, que ajuda os produtores a formatar os projetos de crédito apresentado ao Banco do Brasil, explica que as questões sanitárias e de higiene melhoram a qualidade do leite.

– Ele agrega valor. E a gente faz um ajuste entre a necessidade do produtor e o financiamento do banco – detalha Adriano.  

O galpão – com 1.600 m2 de área – foi erguido com recursos do próprio produtor. Mas todos os equipamentos, sistema de captação de água e tratamento de resíduos foram financiados pelo Banco do Brasil. José Francisco acessou R$ 250 mil do Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária, o Inovagro. Ele escolheu prazo de seis anos para pagamento, mas o retorno financeiro está até acima do previsto e, provavelmente, o empréstimo será quitado antes.

– Trouxe um retorno financeiro bom. Só no preço do leite, mais ou menos, adquiri cerca de R$ 0,12 a R$ 0,13 por litro. – diz.

Atualmente, o produtor trabalha com 95 matrizes, que juntas produzem 2,3 mil litros de leite por dia. Porém, a infraestrutura comporta até 125 animais. A meta é crescer com sustentabilidade. Por isso toda água da chuva é captada. O que não cabe nos dois reservatórios de 15 mil litros cada, é escoado para os mananciais que já existiam na propriedade. Esse reaproveitamento garante os bebedouros sempre cheios e a lavagem do pátio de circulação das vacas entre a área de confinamento e a sala de ordenha. 

Com quase 20 anos de experiência em indústrias, José Francisco, criou um sistema inovador que canaliza os resíduos das quatro pistas. O material segue para tanques, onde a areia é separada da água e dejetos. Essa matéria orgânica já está sendo utilizada com sucesso na lavoura de milho, matéria prima para a silagem do gado. Também foi testada na cana e no capim elefante. A meta, nos próximos 5 anos, é garantir com esse sistema 50% do adubo utilizado nas lavouras. Com isso, o gasto que hoje chega a R$ 80 mil por ano, cairia pela metade.