Economia

Dólar a R$ 3,50? Economistas comentam a tendência para o câmbio

Especialistas falam também sobre as consequências de uma possível desvalorização da moeda norte-americana para as exportações agrícolas

dinheiro, EUA, Estados Unidos, dólar
Foto: Pixabay

O dólar registrou leve desvalorização nas últimas semanas. Segundo analistas, a queda é consequência do avanço da reforma da Previdência e o início da reforma tributária, no Congresso.

Muitos brasileiros acreditam que com a aprovação das medidas, o real vá se valorizar cada vez mais. Porém, de acordo com o economista e sócio-diretor da Macrosector Consultores, Fábio Silveira, o cenário futuro não é exatamente esse. “Não é um céu de brigadeiro o que temos pela frente. Podemos trabalhar com uma taxa de câmbio de R$ 3,70 a R$ 3,75, podendo chegar a R$ 3,90 no fim do ano”, diz.

A previsão diverge de análises feitas tempos atrás. A explicação para isso pode estar em fatores que não entraram na conta anteriormente, como a guerra comercial entre Estados Unidos e China. A pressão do presidente americano, Donald Trump, sobre o presidente chinês, Xi Jinping, fez a demanda da gigante asiática diminuir.

“Soma-se a desaceleração que envolve a Europa e, por consequência, o Japão. Resulta disso tudo um crescimento global menor, uma incerteza maior e uma alocação de recursos de investimentos menor, o que pode fazer investidores procurarem por dólares”, explica Silveira.

Apesar disso, o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Felippe Serigati acredita que o Brasil pode atrair investidores, principalmente se o Executivo e o Legislativo trabalharem as outras reformas, como a tributária, ainda neste ano. “Se a levarmos em conta que o Banco Central pode reduzir a taxa de juros, o que significa mais dinheiro chegando à economia e virando crédito para estimular consumo e investimento, essa combinação é muito favorável”, afirma.

Mas, se a moeda norte-americana chegar a R$ 3,50 como preveem alguns economistas, quais serão as consequências? Para os produtores que exportam, por exemplo, seria ruim em um primeiro momento. “Embora o dólar desvalorizando atrapalhe parte do setor, isso significa que nossa economia está forte e, em no longo prazo, vai ficar bom para todo mundo”, diz Serigati.