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Pesquisa aponta medidas para reduzir perda de grãos no transporte

Renovação da frota, fiscalização, treinamento de profissionais e uso de novas tecnologias estão entre os pontos de atenção

grão
Foto: Ivan Bueno/APPA

A cena é comum: o caminhão segue pela rodovia derrubando grãos de soja ou milho por todo o percurso. Há tempos que as perdas no transporte são um problema para a cadeia produtiva da soja e do milho – durante décadas, as estimativas indicavam que algo em torno 30% da safra era desperdiçada no transporte. No entanto, um estudo realizado pelo engenheiro agrônomo Thiago Guilherme Péra, do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), mostrou que das 2,38 milhões de toneladas de soja e milho desperdiçadas em 2015, o transporte rodoviário respondeu por 13,3%.

Nesse aspecto, o que mais influencia esse cenário é a qualidade da via por onde passa a safra. De acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT) as estradas são classificadas anualmente entre boas, péssimas, regulares e ruins. O estudo de Péra trabalhou com dois indicadores: qualidade de rodovia boa e não boa. Assim, foi identificado que nas estradas boas as perdas são de 0,13% e nas estradas não boas, de 0,26%.

“Assim, nós nos questionamos se todas as rodovias do Brasil fossem melhoradas passando para o indicador de perda de 0,13% quanto conseguiríamos reduzir as perdas”. No milho, seria possível reduzir as perdas em 5,62% e na soja, em 8,29%. Apenas em Mato Grosso nesse cenário seria possível reduzir as perdas em 11%.

Um outro cenário estudado foi o de melhoria da qualidade das vias vicinais de transferência das fazendas para os armazéns externos, onde as perdas estão em 0,5%. Nas vias boas, com as perdas em 0,13%, haveria uma redução de 16% nas perdas totais. “Nessas estradas transitam muitas vezes caminhões velhos com calibragem ruim, avariados, com lona inadequada e sobrepeso, o que piora ainda mais o nível de perda”, diz.

Como soluções para dirimir essas perdas, o pesquisador recomenda, além da melhoria das estradas, renovação das frotas, protocolos de fiscalização na logística do transporte de grãos, treinamento de profissionais, ampliação da capacidade de armazenagem na fazenda, qualificação das pessoas, uso de novas tecnologias e adequação das balanças que pesam as cargas.

“Em geral, a metodologia usada para avaliar se houve perda é a pesagem na fazenda e depois a pesagem na entrega do grão. Muitas dessas balanças apresentaram problemas por não estarem aferidas corretamente, por estarem com sujeiras, subdimensionadas ou superdimensionadas para o objeto a ser pesado”, conclui o pesquisador.