Aumento de alíquota de importação de aço preocupa indústria de máquinas agrícolas

Presidente da associação do setor afirma que equipamentos ficarão mais caros se imposto sobre a matéria-prima subir mais que os atuais 12%

A indústria de máquinas e implementos agrícolas está preocupada com a possibilidade de o governo elevar a alíquota de importação de aço, insumo que representa em torno de 10% do preço final de venda dos equipamentos do setor. O presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria e Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, disse que os próprios técnicos do governo são contra o aumento. 

“Nós falamos com os técnicos do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e Fazenda. A informação que temos é que 100% deles opinaram que não é procedente e que não se deve fazer (o reajuste da alíquota de importação do aço)”, declarou Velloso. 

Um dos impactos de um eventual aumento das taxas de importação de aço seria a elevação dos custos de produção. “Se a alíquota sobre a importação do metal passar dos atuais 12% para 24%, por exemplo, uma máquina agrícola poderia ficar até 1,5% mais cara”, afirmou Velloso. Além do setor de máquinas, o da construção civil e linha branca seriam os mais prejudicados pela medida.

Velloso lembrou que, atualmente, a indústria do aço já está mais protegida que a de máquinas, pois enquanto o imposto médio sobre a importação de máquinas é 8%, o do aço é 12%. “A alíquota de importação do aço deveria ser menor, e não maior. Uma elevação sinalizaria que o país não quer priorizar a industrialização e sim produzir matérias-primas”, afirmou.

Governo

O governo federal publicou recentemente uma portaria criando um grupo de trabalho interministerial para analisar o assunto, formado por técnicos do MDIC, Casa Civil e Ministério da Fazenda. O MDIC convidou ainda a Câmara de Comércio Exterior (Camex) para participar do debate, de acordo com o executivo da Abimaq. 

O governo, segundo o executivo da Abimaq, não informou as novas propostas de alíquota em análise pelo grupo. “O que ouvimos foram especulações, de 20%, 25% e 35%”, comentou. 

Apesar da indicação do posicionamento dos técnicos, a palavra final sobre a questão é da presidente Dilma Rousseff, disse Velloso. “A decisão é da presidente. Essa informação não foi oficialmente comunicada. Temos ligado para Brasília, mas, até agora, estamos no escuro”, afirmou. 

A Abimaq apresentou ao governo federal uma lista de argumentos contra o reajuste das taxas de importação do aço. Um deles é de que enquanto a indústria do aço emprega cerca de 100 mil pessoas no Brasil, as indústrias que consomem o produto (cadeia metal mecânica e construção civil) mantêm mais de 5,1 milhão de postos de trabalho. 

Além disso, o incremento do custo do aço implicaria maior custo do investimento e alta da inflação. “De todo o investimento feito no Brasil (formação bruta de capital fixo), 86% refere-se a bens que utilizam aço. O aumento da alíquota também significaria que a casa própria, os eletroeletrônicos, tudo ficaria mais caro”, declarou o executivo da Abimaq.